Pois é, quando João Morales me pediu este texto, com a rapidez que caractriza os irresponsáveis eu disse logo que sim, pois claro, num abrir e fechar de olhos eu iria entregar-lhe os seis mil caracteres sobre uma obra de um autor novo que me tivesse agradado. Alguém em quem eu apostasse - acho que foi assim que o assunto ficou definido.
No entanto, ainda mal tinha desligado o telefone e já caía em mim. Como poderia eu começar a largar senteças sobre as mais novas revelações das letras pátrias se o meu conhecimento das novas revelações das letras pátrias era mínimo?
É evidente que há meia dúzia de nomes que conheço mas: a) não aposto em muitos deles nem eles precisam; b) até apostaria nalguns, não fosse o caso de temer que eles se sentissem ofendidos comigo por já andarem nestas lides há um ror de tempo e já se sentirem desconfortáveis por alguém ainda os considerar "revelações"...
Respirei fundo, lembrei-me de tudo o que tinha lido recentemente, e ali fiquei na dúvida angustiante de escolher "o tal". Mas as minhas mais recentes leituras tinham-me levado a António Lobo Antunes, à Agustina e... oh céus!, ao Camilo Castelo Branco. Nenhum deles se poderia com rigor incluir na categoria de jovens em quem eu apostasse. Claro que apostaria em todos e, como bem sabemos, a juventude não passa de um estado de espírito mas, apesar de tudo, convém não exagerar.
Decidi então fazer uma viagem pelas livrarias e seguir o método que o Gonçalo M. Tavares me ensinou para avaliar rapidamente a qualidade de um livro: abri-lo ao acaso, ler umas frases ao acaso, e ver se tem força suficiente para nos agarrar e nos fazerem passar para além delas (leia-se: comprar o livro).
Alice Vieira in Os Meus Livros
Leitura agradável, mas não brilhante. É um livro que se lê facilmente, apesar de não me ter cativado no início. Para ser sincera só a mais de meio consegui nutrir algum interesse pela história. Até lá, achei o livro banal, expectável e cinematográfico. Considero que não é um livro mau, apenas não é a minha onda. Então, relata a história de uma rapariga amish, que é acusada de matar o seu próprio filho à nascença e da sua advogada cosmopolita e mal resolvida amorosamente. A advogada não acredita na sua inocência, mas resolve ajudá-la a pedido de Leda, sua tia. Depois disso surgem as peripécias. A advogada acaba por acreditar na sua inocência quando ela se considera culpada, entretanto reapaixona-se pelo psicólogo que defende a acusada, que por sua vez era um namorado antigo. A acusada revela, aos poucos, a verdadeira história da noite da morte e enfrenta a dificuldade entre escolher o pai do filho, pertencente ao mundo normal e a sua vida simples de amish. O que lhe aconteceu? É c
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