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Outros espaços, outros leitores (parte 3)


As bibliotecas não foram esquecidas e também para elas há programas para todas as idades. "Ler antes de ler"; "Já sei ler" e "A conquista do leitor" dirigidas a crianças dos 0-6, 6-10 e 10-12 anos, respectivamente, envolvem (evidentemente, com diferentes níveis) ateliers, jogos, actividades lúdicas, dramatizações e espectáculos centrados em livros. Também aqui se conta com pessoal especialmente formado para este género de trabalho.

Mas, não é só para crianças que se vocacionam as bibliotecas; aqui sim, há espaço para incentivar as leituras em todas as idades. Estão mesmo pensadas acções para os mais excluídos ou debilitados. Veja-se o programa "Leitura sem Fronteiras" no qual haverá acções para jovens portadores de deficiências motoras ou visuais, como o lançamento de incentivos e de prémios que distingam a promoção da leitura. Prevê-se mesmo a dotação de apoios neste campo.

Para além das bibliotecas, não são esquecidos outros espaços colectivos, como as prisões, os hospitais e os centros de 3ª idade.

Apesar de todas as boas intenções, dos apoios das escolas e do empenho das bibliotecas, é certo e sabido que o melhor local para incentivar a educação em geral, e a leitura em particular é em casa, no seio da família. Felizmente, o PNL não o esquece e é por isso que lhes dedica os programas "Leitura a par" e "Há sempre tempo para ler", cujo o nome poderia muito bem ser o slogan do plano todo. Em ambos os casos o objectivo é incentivar a leitura não só dos filhos mas de toda a família, pois, numa casa onde os adultos lêem aumentam as probabilidades do filhos lhes seguirem o exemplo.

Estamos perante um plano verdadeiramente ambicioso, cujos os resultados só serão conhecidos dentro de 5 anos. Até lá, resta-nos ajudar os promotores do projecto a fazer aquilo que nenhum plano ou iniciativa governamental pode fazer por decreto, "Criar um ambiente social favorável à leitura", como pede Isabel Alçada.


Filipe d´Avillez in Os Meus Livros, Junho de 2006


Apenas uma achega que penso ser produtiva: quase todos os projectos são focados nas grandes cidades onde, normalmente, os jovens se podem dispersar por muitas actividades e onde existe uma maior facilidade em chegar aos programas culturais. A província poderia ser um meio bastante produtivo quando bem organizado e apelativo, pois os jovens tendem a centrar-se mais no mesmo local e a aderir ao que por lá se faz.

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