O largo Tejo... Velas brancas... Velas
Cor de laranja... Barcos de água acima...
Muletas antiquíssimas... Ao vê-las
Surge a Saudade que o Passado anima.
Proa recurva, ríspida de pregos,
Casco bojudo e todo alcatroado,
Vem de nossos avós fenícios, gregos,
Ou de Eras mais escuras do Passado?
Cheia de pano - pano à proa, à popa,
Paira a muleta de arte à tartamanha.
Lembram ao longe um estendal de roupa,
As velas dessa embarcação estranha.
Cobertas de fantástico velame,
prolongam-se na Costa que branqueja,
Como golfinhos mortos onde o enxame
De gaivotas alvíssimas adeja.
Martinho de Brederode, in "Cancioneiro de Lisboa", coligido por João de Castro Osório
Comentários