Em primeiro lugar quero agradecer a oferta feita há já algum tempo pelos amigos Nuno e Jorge.
Não costumo gostar de Miguel Sousa Tavares, tem o dom de por vezes me irritar com certos comentários. Ninguém diria que é filho da Sr.ª que é, pensava eu.
Enganei-me! Equador foi dos poucos livros que me prendeu do princípio ao fim, fez-me lembrar um pouco o estilo do Eça. Fenomenal!
Resumidamente, conta a história de um Sr. Luís Bernardo, que acreditava que todos os colonos ao serem portugueses teriam os mesmos direitos que os colonizadores e se depara com a dificuldade de uma pequena colónia acreditar nisso também. Entre amores, desamores, fundamentalismo e política vamos vendo desenrolar um livro surpreendente com o cheirinho de África e da sua magia. O regresso a Lisboa e à vida de D. Juan já não voltará a acontecer, mas se querem saber o final leiam e não se deixem esmorecer pelas 527 páginas do livro. Garanto que vale a pena. Aqui fica um bocadinho:
"- Oh, meu amigo, deixe de me tratar por V. Ex.ª e olhe: isso não é problema meu, é problema seu. Eu estou-lhe só a dizer como é que as coisas se passam e que, aliás, espero bem que não seja novidade para si. Agora, se você acha que S. Tomé pode continuar a explorar as roças de cacau e a gozar dos lucros que tem tido sem importar daqui, do mato, pretos que a nós não nos são de utilidade alguma, isso agora é consigo. Entenda-se lá com os roceiros e mandem-me dizer se quiserem que eu não deixo embarcar mais ninguém. Você é que sabe as instruções que traz de Lisboa e do Rei. Eu, relativamente a S. Tomé, faço o que me pedirem. Se é serviço do país, como até agora foi sempre, acorrer às necessidades de mão-de-obra de S. Tomé, eu facilito o que puder e não estou a infringir lei alguma. Se acham que agora já não é assim, repito-lhe, mandem-me dizer."
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