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A exclusão das brincadeiras pode gerar traumas

Aos 6 anos as brincadeiras começam a ter outro carácter. As meninas gostam de brincar às lojas e às casinhas, portanto os papéis a desempenhar são distribuídos pelos colegas. Começa a sentir-se a inclinação por um amigo em particular, com o qual poderá estar a brincar ao longo de várias horas seguidas. Surge, pela primeira vez, a noção de ter um "melhor amigo", com quem partilha os momentos de brincadeira. Por esta altura, a criança toma consciência das suas diferenças face aos outros e, posteriormente, essas diferenças pode constituir um motivo que a leve a afastar-se dos colegas ou então a sentir-se plenamente integrada. É importante lembrarmo-nos de que nesta idade há o ingresso na escola primária, o que implica de novo uma mudança de hábitos e de regras. A inclusão no grupo escolar passa a ser uma preocupação para a criança. Quer sentir-se querida pelos outros, convidada para os aniversários e incluída nas brincadeiras em grupo. É a sua auto-estima que está em jogo, pelo que é de extrema importância que os pais tomem consciência de que os primeiros anos da nossa vida podem marcar-nos para sempre. É vulgar que, ao longo de uma psicoterapia, o paciente descreva ao terapeuta situações em que se sentiu colocado de lado: "Todos os outros meninos podiam jogar à bola, mas ninguém me escolhia para a equipa. Eu era gordo e não tinha jeito nenhum para aquilo." De facto, os episódios de rejeição na infância assumem uma relevância muito grande, já que ainda não nos foi possível criar defesas psicológicas eficazes que nos protejam das frustrações. Por isso, é fundamental que em todas as fases do crescimento os pais acompanhem e protejam os filhos, de forma a que estes cresçam de forma saudável e feliz.

in Certa

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