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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2007

Freud e a Literatura (parte5)

A sua atracção pelo escritor inglês compreende-se, afinal, foram os meandros da mente humana que fascinaram ambos. A profundeza das personagens e a complexidade das histórias e preocupações de Shakespeare representavam terreno fértil, apesar de ficcional, para Freud explorar as suas teorias. Seria surpreendente que fosse Hamlet, o mais perturbado de todos, a maior atracção sobre o psicanalista? Claro que não. No seguimento daquilo que passou a ser uma das mais citadas passagens de sempre, "Ser ou não ser?", eis que o protagonista continua: "... Dormir! Talvez sonhar./ Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão-de vir no sonho da morte/ Quando tivermos escapado ao tumulto vital/ Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão/ Que dá à desventura uma vida tão longa."

Freud e a Literatura (parte 4)

Porém, a sua grande paixão, e um dos pilares literários que mais o influenciou, foi, sem dúvida, William Shakespeare. O fundador da psicanálise não só leu a vasta obra do dramaturgo como escreveu longamente sobre ela, nomeadamente, peças como "Ricardo III", "O Mercador de Veneza" e "Macbeth". A relação entre Freud e Shakespeare é tão grande que alguns chegam a afirmar que foi a partir da obra deste que Freud derivou a sua visão da psicologia humana. Pelo menos uma universidade prestigiada, a de Bristol, inclui uma cadeira completa que estuda a relação entre os dois. in Os Meus Livros

Freud e a Literatura (parte3)

Em relação à literatura, o amor era correspondido e pode dizer-se que a relação foi mesmo incentivada pelo próprio Freud, leitor culto e assíduo de vários géneros. Os seus gostos iam de ensaio a poesia e até policiais, confessando-se adepto de Goethe, Stefan Zweig, Arthur Schnitzler, e até de Agatha Christie. Sobre Schnitzler, chegou a afirmar: "perguntei-me frequentemente, com espanto, como poderiam vocês adquirir um tal saber secreto, saber que eu mesmo procurei através de uma investigação laboriosa do objecto; finalmente cheguei a invejar o poeta que outrora admirava". in Os Meus Livros

Freud e a Literatura (parte2)

Durante a sua vida, o homem que desenvolveu a psicanálise conseguiu chocar meio mundo e encantar a restante metade. Ninguém, isso é certo, lhe ficou indiferente. A influência de Freud foi enorme e inegável. Em muitos casos foi mesmo alegremente admitida e procurada pelos influenciados, onde se incluem personagens das mais diversas áreas. Literatura incluída, claro. in Os Meus Livros

A Ultima Noite - Freud

Foi em 1856 que nasceu uma das figuras mais polémicas da história do pensamento ocidental. Sigismund Freud. Criado num império Austro-Húngaro a gozar os seus últimos dias, Freud ainda teve que viver os terrores da invasão Nazi da sua amada Viena antes de ir para o Reino Unido, onde morreu, vítima de um cancro de garganta, em 1939. in Os Meus Livros E ainda hoje dá que falar!

Os cães ladram e a caravana passa

Na revista Única de 27 de Maio foi publicado: O presidente da Câmara de Gaia, Luis Filipe Menezes está cada vez mais teatral. É sabido que costuma alugar quartos de hotel nas imediações dos Congressos do PSD para definir estratégias de última hora com as suas tropas de choque. O que Menezes nunca tinha feito era alugar uma caravana - será isto um sinal de crise? - para substituir a tradicional sala de hotel de cinco estrelas. Desta vez, as tropas menezistas estacionaram uma autocaravana mesmo à porta do Congresso e foi ali que contaram as espingardas para o assalto do Conselho Nacional, onde "roubaram" quase 15 lugares a Marques Mendes. Se é certo que a maioria dos sociais-democratas ainda não confiam em Menezes para tomar conta da liderança, não é menos verdade que, para o presidente da Câmara de Gaia, os cães ladram... e a caravana passa. É também este senhor que diz que não é próprio de um partido como o PSD solicitar baixa de impostos, pois isso é para partidos como o do

Cheiro Estranho

Quando regressamos ao início do campeonato, Portugal parece ser tomado de uma febre estranha que faz esquecer todos os maus bocados durante um ano inteiro, e porquê? Será porque as pessoas podem, assim, descarregar toda a sua fúria, frustração, angústia e desilusão nos desgraçados mais bem pagos do país que andam ali a correr atrás da bola. Enfim, gosto até muito de futebol, mas estou apirética e acima de tudo continuo desiludida com o mundo, não preciso do futebol para ajudar!

Florbela Espanca - Contos e Diário

Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1894 e morreu a 8 de Dezembro de 1930. Apesar de ser conhecida como poetisa, não escreveu só poesia. Durante a sua vida tentou várias vezes o conto como forma de expressão escrita, em experiências mais ou menos acidentais. Os contos que aqui se publicam foram escritos entre 1907 e 1930, publicando-se adicionalmente o Diário que Florbela escreveu no último ano de vida. "Que mulher era então ela? Que mulher era aquela mulher? Que mulher era a sua mulher? Quantas mulheres tinha ele?... E então, quando a possuía, via a outra, a de alma branca, estender as mãozitas trementes para o afastar, com um olhar de pavor; quando lhe dava um beijo de ternura, um doce beijo de amigo, via-lhe na boca o sorriso da "Flor de Luxo", via-lhe os lábios pintados entreabirem-se, rubros, no seu sorriso de cortesã; quando a ouvia discutir uma obra de arte, uma bela acção, um rasgo sublime de generosidade, no calor de qualquer emoção espiritual, logo pensa

MENTIRA, VALERIA LYNCH.

Mais um post musical e... perto do coração! Ai que estou mesmo a ficar velha, mas faz-me lembrar de um aviso o nome desta música: "Ninguém diga o que não sabe, nem afirme o que não viu." Agora curtam só a roupinha da senhora, é mesmo muito atrás. Ai que eu estou tão velha!

Ouvir

Cada vez mais descreio da raça humana, dos citadinos irascíveis, egoísticamente arrogantes, egocêntricos e mimados de facilidades falsas que não querem ouvir. São (muitos) os amargos, frustrados, zangados com a vida que têm, um escape do "não te vê". Há os doutores gabarolas de estatuto engalanado em pedestal de palha, que não sustentam a modéstia da igualdade, há os pobres de espírito que reprimem tempos infinitos a submissão incontida, há-os aos molhos e diferentes na sua limitação cobardemente agressiva... quero acreditar que só são assim nestas alturas, que se emocionam e são humanos, que são assim porque não sabem ser de outra maneira, que não tiveram uma formação (educação) coerente. No entanto, e procuro várias vezes dentro de mim, sei que nunca seria capaz, que me envergonharia de não conseguir ser racional e atacar como um animal instintivo e maligno. São os cobardes do nosso tempo, são aqueles que não querem ver, nem olhar para o lado, com o mundo de felicidade pres

Ernesto D'alessio - Hard Rock Live - Como Tú y El Triste

Voltamos à música, agora para o coração, que o meu está carregado de saudades. Um Verão longo, com poucos motivos para sorrir e com pouco calor para me aquecer a alegria. Bem, mas já diz o velho ditado: "Corra o ano como for, em Agosto há calor." Portanto malta, nos dias menos quentes, valham-se do calor humano que já não é mau!

A Dívida - Fantasias de Gales (última parte)

Hughes considera que, mais do que uma influência, a escrit a de Borges tornou-se quase um padrão, um conceito por si só. "Borges influenciou vários bons escritores modernos mas acredito que também influenciou alguns dos escritores que surgiram antes dele. Encontro frequentemente elementos "borgesianos" em escritores como Karel Capek, Frigyes Karinthy, Grant Allan e (especialmente) Edwin A. Abbott, todos os quais viveram e escreveram antes de Borges. Contudo, se Borges não tivesse existido esses elementos Borgesianos nunca seriam visíveis. Ele influenciou os seus precursores, tanto como os seus seguidores!" Destacando como principal característica na escrita deste autor "a sua bela e terrível originalidade", esquiva-se a apontar um texto como favorito. E, mais uma vez, utiliza uma imagem literária para responder. "A minha história favorita de Borges continua a ser aquela que continua perdida, algures, em Buenos Aires. Talvez esteja escondida na forma d

A ´Divida - Fantasias de Gales (parte2)

"Compreendi então que cada combinação única e possível de letras existia em todos esses livros, cada frase possível em cada idioma possível. Continuei à procura mas a maioria dos livros continuava a não fazer sentido. Finalmente, encontrei um livro que faz sentido. Continua, puramente por acaso, as histórias de Jorge Luís Borges! As minhas próprias histórias também existem, algures nessa biblioteca, incluindo aquelas que são completamente influenciadas por Borges!" in Os Meus Livros

A Dívida - Fantasia de Gales

Rhys Hughes é também admirador confesso de Borges. De tal modo que escreveu "Uma Nova História Universal da Infâmia", óbvia e descarada apropriação de um dos livros mais famosos do autor argentino. Desafiado a contar-nos como foi o seu "encontro" com o seu ídolo literário, optou por uma resposta que não envergonhou o próprio. "Um dia vagueava pela biblioteca local. A biblioteca pareceu-me muito maior do que a recordava. À medida que passei os olhos pelos livros nas estantes, reparei que estavam repletas de letras casuais. (...)" in Os Meus Livros

A Dívida - Mistérios em sérvio (parte 2)

Autor premiado no âmbito da Literatura Fantástica, reconhece que Borges o influenciou "de muitas maneiras", todavia, destaca "a consciência de que depois de 50 séculos de escrita da mais fantástica literatura, há ainda novas áreas de aproximação não mimética à nobre arte de escrever ficção. Não vejo nenhum escritor importante de literatura fantática que não seja seguidor de Borges". Por isso, também ele não esconde o seu fascínio: "foi uma das maiores descobertas literárias da minha vida. Quem me dera ter a possibilidade de regressar ao passado e experimentar a excitação de ler Borges pela primeira vez". in Os Meus Livros

A Dívida - Mistérios em sérvio

Por seu lado, Zoran Zivkovic, autor de "Biblioteca" (publicado pela Cavalo de Ferro, onde deverá sair ainda este ano "Livro") destaca o carácter fantasioso da obra de Borges, a sua destreza em "lidar com realidades, fundamentalmente, alternativas". Para quem conheça os seus livros, divertidas histórias que andam à volta da bibliofilia e da intensidade com que um livro pode marcar as nossas vidas, não será de estranhar que o seu texto de eleição seja "A Biblioteca de Babel", justificando, sem mais delongas, que nesse fragemento "Borges disse tudo...". in Os Meus Livros

AJEDREZ - A Dívida (parte 4)

No que respeita às suas prosas - "com o passar do tempo, gosto muito mais dos poemas" - o seu afecto vai para "Pierre Menard, autor do Quixote", "pela sua deslumbrante inteligência. Trata de como um texto depende dos seus leitores e de como é lido de diferentes formas através do fluir do tempo". in Os Meus Livros

A Dívida (parte 3)

Recorda bem o dia em que tomou contacto com Borges. "Durante um Verão, em Cadaqués, ouvi falar dos seus relatos. Na única livraria do povoado comprei um livro seu e fiquei impressionado por "Funes, o Memorioso". Se me influenciou? Suponho que sim, e foi uma belíssima influência. Todo o escritor metaliterário está sob o efeito que provocam a leitura de Cervantes, Sterne, Diderot e Borges. Em Borges encontramos a tndência mais moderna da literatura actual. É uma tendência que, paradoxalmente, é a mais antiga de todas. Tem ilustres seguidores... Bolaño, Piglia, Alan Pauls, Alberto Manuel". Apenas por modéstia não se inclui a si próprio, se considrarmos textos como "Bartleby & Companhia", "História Abreviada da Literatura Portátil" (ambos publicados na Assírio & Alvim) ou a técnica com que funde imaginação e memória no seu mais recente trabalho, "Paris Nunca se Acaba" (Teorema). Vila-Matas destaca a capacidade metafórica do mestre a

Instantes - A Dívida (parte 2)

Para Vila Matas não sobra espaço para a modéstia "Não é que ele seja um dos mais importantes escritores, é que ele é mesmo a literatura. Recorda-me aquilo que dizia Kafka à sua noiva: "não, querida Felice, não é que a literatura me interesse, é que eu sou literatura." in Os Meus Livros