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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2008

Com o Freio nos Dentes

Desembocaram na estrada da vila e aí, em piso firme, a égua largou à desfilada. De rédeas soltas, galgava o caminho ferozmente. Árvores, uma ou outra casa de arrumação nas quintas desabitadas, vultos de jornaleiros levantando a cabeça espantada, tudo se perdia na corrida. Hilário quis suster o animal e procurou as rédeas, enlaçou-as nos dedos, mas a égua tomara o freio nos dentes e continuava a marcha desatinada. Um vento tempestuoso pegou de repente nos cabelos de Hilário e atirou-lhos aos olhos deixando-o quase cego. Com as mãos a puxar as rédeas, não podia afastá-los. Esperava a todo o momento espatifar-se na valeta ou de encontro aos pinheiros. Largou as rédeas, sacudiu os cabelos dos olhos e viu o corpo da égua, elástico, lançado na correria louca como se cada passo de galope lhe custasse uma gota de sangue. Gritou. As primeiras casas de Corgo surgiram e ficaram para trás um momento. Mulheres gritavam, garotos fugiam da estrada e enfiavam-se nas portas. Até que, na praça da vila,

A Soma dos Dias - Isabel Allende

"A Soma dos Dias" podia também chamar-se "Depois de Paula e com a Paula". É acima de tudo um livro biográfico, que conta a história da sua "tribo" depois da morte de Paula, a sua filha que dá também nome a um dos seus romances. Não é uma ficção cheia de personangens fascinantes como quase todos os seus livros, e que esta autora tão bem nos habituou. É um livro diferente, mas que expõe a raridade de uma familia numerosa (a sua própria família), toda ela diferente, mas que se mantém unida através do amor, acima de tudo, o amor. "O filme caiu como uma chapada na extrema-direita, mas foi recebido com entusiasmo pela maioria, em particular pelos jovens, que haviam crescido sob a mais estrita censura e queriam saber mais sobre o que acontecera no Chile nos anos 70 e 80. Na estreia, recordo que um senador confesso de direita se levantou, furioso, e saiu ruidosamente da sala, dizendo para os presentes que o filme era um chorrilho de mentiras contra o beneméri

O exemplo português (ultima parte)

NETJOVENS.PT * criada em 2004 * só para jovens portugueses até aos 35 anos * 185 mil membros (sobretudo de Lisboa, Porto e Setúbal, 52% de mulheres e 48% de homens) * 15 mil visitas/dia * 14 e 24 anos são as idades predominantes COMUNIDADES ONLINE www.hi5.com www.netjovens.pt www.myspace.com www.gazzag.com wwww.ringo.com wwww.netfriendship.com wwww.orkut.com

O exemplo português (parte 2)

Uma rede de explicadores, divulgação de eventos culturais e passatempos com bilhetes de cinema são algumas das mais recentes apostas. Com uma comunidade de mais de 185 mil membros, todos portugueses e até aos 35 anos, Jorge Vila Boa assegura que o site pode ser "uma ferramenta útil para empresas que tenham os jovens como público-alvo". E salienta que a segurança é garantida. "Há um controlo da linguagem usada, do conteúdo das fotos, dos perfis, mas sem nunca invadirmos a privacidade de cada um". Qualquer utilizador que se sinta lesado com uma mensagem pessoal mais ofensiva pode também facilmente participar à administração. "Antigamente, os jovens saíam da escola e ficavam a ver televisão toda a tarde. Agora têm um mundo de oportunidades com a Internet. Podem comunicar com amigos e mesmo com familiares". Por isso, Vila Boa assegura que a NETJOVENS.PT é uma mais-valia para esse público. Ou, como diria o ditado popular, "mudam-se os tempos, mudam-se as v

O exemplo português

"Eu estou... e tu?" É assim que a NETJOVENS.PT se apresenta ao público desde há dois anos. Considerado um género de "hi5 à portuguesa", basta abrir o "site" para perceber que não é bem assim. Mais do que um espaço de encontro entre jovens, é também um local de oferta de informação. "Temo-nos distanciado de ser só um site para conhecer pessoas.", explica o criador, Jorge Vila Boa. "Tentamos fornecer um leque de conteúdos e oportunidades direccionadas aos jovens e penso que estamos no bom caminho".

Que farei quando tudo arde? - António Lobo Antunes

Foi com expectativa que iniciei este livro. Primeiro porque já tinha lido outros livros do autor; segundo, porque me foi oferecido por 2 amigos que tenho muita estima. Enfim, fiz-me às 637 páginas com voracidade. Bem, já li outros livros de que não gostei e que mais tarde li novamente com apetite, li-os, inicialmente, fora de tempo, provavelmente aconteceu-me o mesmo com este. É que obriguei-me a chegar ao fim para perceber de que não gostei mesmo. Pareceu-me confuso, com muitas personagens mas muito só. Resumindo, não gostei, mas prometo voltar a tentar daqui a uns anos, entretanto, fica aqui um bocadinho do que li: "de imediato, instantâneo, ia dizer sem culpa minha a construir-se por si, eu - Paulo e o aldrabão que lhe oferece gencianas, bem vestido, claro uns sujeitos ricos a voltar a cabeça para a direita e para a esquerda, a dar por mim, a conjecturar - Alguma criada antiga? a espalmar o indicador na gravata e o indicador cresceu por ele todo - Eu? na cara é evidente quem se

MacGyver

Bem, a questão dos telemoveis! Até à data ainda não comentei o tão comentado caso da aluna, da professora e do telemovel. OK. Se já todos comentaram, não vou comentar. Vou comentar o que está por trás, a relação de dependência dos jovens com este objecto. Como já disse anteriormente sou professora, mas não estou colocada, trabalho para sobreviver, num call center de uma operadora móvel, e oiço casos crónicos de histerismo de adolescentes que mal sabem falar, mas que não passam sem sms. A educação é algo completamente desactualizado, as criaturas, e desculpem-me as garotas, mas são as piores; são completamente fanáticas, entram em pânico sem um aparelhinho que as faça contactar com o mundinho mediocre em que, infelismente, vivem. A culpa não é deles bem sei, mas como dizem os paizinhos, se todos têm porque é que o meu filho não há-de ter. Percebo que se preocupem e que o telemovel até lhes transmita alguma tranquilidade, sabem que se estiverem aflitos podem ligar, sabem que se quiserem

O Mapa dos Objectos Perdidos

Era uma vez um diamante na moela de uma galinha de plumagem miserável. Cumpria a sua missão de roda de moínho com resignada humildade. Tinha por companheiras pedras de terreiros e duas ou três contas de vidro. Por causa de sua dureza, ganhou logo má reputação: a pedra e o vidro esquivavam-se cuidadosamente do seu contacto. A galinha desfrutava de admiráveis digestões, porque as facetas do diamante moíam à perfeição os seus alimentos. Cada vez mais limpo e polído, o solitário girava dentro daquela cápsua espasmódica. Um dia torceram o pescoço da galinha de mísera plumagem. Cheio de esperança, o diamante saiu para a luz e pôs-se a brilhar com todo o fogo das suas entranhas. Mas a empregada que abria a galinha, deixou-o correr com todos os seus reflexos para a água do esgoto, envolto em frágeis imundícies. Do Confabulário , do escritor mexicano Juan José Arreola