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Foi dito...


"O meu país está a tornar-se cada vez mais fechado sobre si próprio, com uma espécie de vontade arcaica de se pôr à margem do resto do mundo, de viver como se vivia em 1950. Além disso, há uma xenofobia latente. Há poucas razões para se estar feliz quando se é francês."



Olivier Rolin, in Mil Folhas, 29\04\06

Não é só em França que estes casos terapêuticos persistem. Parece-me mesmo que a maior parte do mundo está a retroceder a olhos vistos.

Dantes tínhamos a escravatura, neste momento existe na mesma, mas de forma disfarçada e com técnicas aperfeiçoadas. Necessidade a quanto obrigas!

Tudo parece vingar invertidamente. A cultura e educação que deveria ser valorizada e reabilitada coabita com o egoísmo antagónico de uma cidadania que querem impor teoricamente. Os valores humanos são esquecidos diáriamente e o amor ao próximo existe: o próximo sou eu!

Todos querem fazer bem e o bem, mas apenas com um objectivo: que esse bem seja um meio e um fim em mim mesmo.

E é devido a essa mesma falta de culrura que tive de presenciar silenciosamente a seguinte conversa:

- Os portugueses não têm nada de bom porque só pensam em dinheiro! Só vão para o estrangeiro com o objectivo de ganharem muito dinheiro. (diz um angolano bem integrado).

- Então pá! E tu? Vieste pa cá pa ganhares o mesmo? Porque não ficaste no teu país?(diz o colega de construção).

- Se não tivessem matado Salazar é que isto tava bom. E hoje Portugal era em África.

- Ainda nã me respondeste.

- Sabes que ele queria transformar a antiga Nova Lisboa em capital de Portugal?

- Nã sei se será bem assim.

- Tou-te a dizer. E nã me venhas rezar a missa porque de história percebo eu. Tenho lá duas ou três enciclopédias em casa.

......

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