Avançar para o conteúdo principal

Inês da Minha Alma


Acabei de ler o livro com este título de uma escritora muito lida por mim: Isabel Allende. Passei anos a devorar os livros desta escritora: A Casa dos Espiritos, Eva Luna, Contos de Eva Luna, De Amor e de Sombra, Retrato a Sépia, Filha da Fortuna... depois chegou a uma fase em que esta escritora resolveu virar-se para um público mais jovem, surgiu: O Zorro, O Reino do Dragão... entre outros que muito me desiludiram. Tinha perdido uma das minhas escritoras de eleição. Até que surgiu "Inês da Minha Alma". Andei a namorar o livro durante horas em todas as montras e hipermercados, tinha medo de deitar dinheiro fora e ler uma "banhada" para adolescentes. Li e reli as críticas e o meu mais-que-tudo resolveu presentear-me com o título invejado.

Li e ... gostei. Não tão bom como ao que estávamos habituados, mas mesmo assim saboroso e com o sabor quente, sensual e historiador a que esta escritora nos habituou. Gosto sobretudo, nesta autora, do pormenor de sempre atravessar gerações com dons e magia. Devorei o livro.


Inês da Minha Alma conta-nos então a história da fundação do Chile. A voz é de Inês, mulher de calças, carácter e personalidade, como é habitual nas personagens femininas retratadas por Allende. Inês, mulher de amores ferozes e apaixonados, mulher de garra e com muito amor próprio. Partiu em busca do seu destino e fundou o Chile. Atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. Fundado em aspectos verídicos, esta é uma história de amores, de paixões, ideais, guerra, humanismo... entre outras tantas características que enriquecem o relato que é feito a uma filha adoptiva da personagem, filha legítima do seu último grande amor: Rodrigo de Quiroga. Como não podia deixar de ser todos os fantasmas legitimam a história num sussurro amigo de quem não tem medo da morte e de quem já muito viveu.


Isabel Allende voltou para nos encantar e recomenda-se.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Uma verdade simples, de Jodi Picoult

Leitura agradável, mas não brilhante. É um livro que se lê facilmente, apesar de não me ter cativado no início. Para ser sincera só a mais de meio consegui nutrir algum interesse pela história. Até lá, achei o livro banal, expectável e cinematográfico. Considero que não é um livro mau, apenas não é a minha onda.  Então, relata a história de uma rapariga amish, que é acusada de matar o seu próprio filho à nascença e da sua advogada cosmopolita e mal resolvida amorosamente. A advogada não acredita na sua inocência, mas resolve ajudá-la a pedido de Leda, sua tia. Depois disso surgem as peripécias. A advogada acaba por acreditar na sua inocência quando ela se considera culpada, entretanto reapaixona-se pelo psicólogo que defende a acusada, que por sua vez era um namorado antigo. A acusada revela, aos poucos, a verdadeira história da noite da morte e enfrenta a dificuldade entre escolher o pai do filho, pertencente ao mundo normal e a sua vida simples de amish. O que lhe aconteceu? É c

Se isto é um Homem, Primo Levi

Já andava na minha prateleira há algum tempo, mas eu não me decidia. O tema agradava-me, mas tinha medo de me dececionar. Temia que fosse demasiado filosófico... Comecei e já não parei. Não é uma leitura simples, mas também não é um quebra-cabeças.  Primo Levi, judeu italiano, apanhado pela máquina nazi, foi capturado em Auschwitz. Este o nome que ninguém deveria esquecer, para que nunca nos esqueçamos que o ser humano consegue ser animalesco pela sobrevivência e pelo poder da crueldade. Convenhamos que, ninguém, com um mínimo de valores, conseguirá tratar desta forma outro ser humano diariamente, durante anos. Primo Levi, que viria a falecer em consequência de uma queda na escada do prédio onde vivia, sobreviveu ao campo de concentração. Sobreviveu porque no meio do azar, teve sorte. Sorte por ter apanhado escarlatina e não ter sido encaminhado para a caminhada da morte , sorte por ter conhecimentos de química e ter conseguido manter-se quente no laboratório para onde foi destinado

D. Sebastião e o vidente, de Deana Barroqueiro

É um calhamaço!! Conta com 629 páginas, rebuscadas, com um vocabulário erudito, muitas personagens, mas ... fascinante! Este livro, obviamente, relata a história de vida de D. Sebastião com todos os pormenores, desde a mãe que o deixou, à sua deformidade física, ao seu caráter, bravura... Assim, este pequeno rei, em tamanho e em idade, demonstrou a sua infantilidade nos rasgos de bravura. Inocente, sonhava com a guerra, mas soube antever os interesseiros que lhe apareceram pelo caminho. Existe também Miguel, um menino que nasceu no mesmo dia que ele e que o acompanha ao longo da história, mas que acaba por nunca conseguir aproximar-se o suficiente. É ele o vidente do título, mas a sua personagem acaba por não ser muito "útil", uma vez que é incapaz de mudar o rumo dos acontecimentos, limita-se a admirá-lo ao ponto de o acompanhar à morte. Quem não conhece D. Sebastião, o desejado, aquele que desapareceu em Alcácer Quibir e que regressará envolto no nevoeiro. Cá te es