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Alice Vieira aposta em Patrícia Reis

Pois é, quando João Morales me pediu este texto, com a rapidez que caractriza os irresponsáveis eu disse logo que sim, pois claro, num abrir e fechar de olhos eu iria entregar-lhe os seis mil caracteres sobre uma obra de um autor novo que me tivesse agradado. Alguém em quem eu apostasse - acho que foi assim que o assunto ficou definido.
No entanto, ainda mal tinha desligado o telefone e já caía em mim. Como poderia eu começar a largar senteças sobre as mais novas revelações das letras pátrias se o meu conhecimento das novas revelações das letras pátrias era mínimo?
É evidente que há meia dúzia de nomes que conheço mas: a) não aposto em muitos deles nem eles precisam; b) até apostaria nalguns, não fosse o caso de temer que eles se sentissem ofendidos comigo por já andarem nestas lides há um ror de tempo e já se sentirem desconfortáveis por alguém ainda os considerar "revelações"...
Respirei fundo, lembrei-me de tudo o que tinha lido recentemente, e ali fiquei na dúvida angustiante de escolher "o tal". Mas as minhas mais recentes leituras tinham-me levado a António Lobo Antunes, à Agustina e... oh céus!, ao Camilo Castelo Branco. Nenhum deles se poderia com rigor incluir na categoria de jovens em quem eu apostasse. Claro que apostaria em todos e, como bem sabemos, a juventude não passa de um estado de espírito mas, apesar de tudo, convém não exagerar.
Decidi então fazer uma viagem pelas livrarias e seguir o método que o Gonçalo M. Tavares me ensinou para avaliar rapidamente a qualidade de um livro: abri-lo ao acaso, ler umas frases ao acaso, e ver se tem força suficiente para nos agarrar e nos fazerem passar para além delas (leia-se: comprar o livro).

Alice Vieira in Os Meus Livros

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