
Uma das apostas tem sido na Ficção Científica (FC) e Literatura Fantástica (FL). Isso está relacionado com o que estamos a falar?
De certo modo, porque são construções culturais, concepções do mundo que, por vezes, alteram os cânones da cultura, aos quais, por vezes, nos vinculamos demasiado. São áreas da literatura em que é possível fazer coisas muito boas, reagindo a um certo preconceito de que só o Realismo diz a verdade.
E é nesse quadro que surge a publicação da saga do Harry Potter?
Nós tivemos sempre a ideia de que a literatura infantil-juvenil foi, durante muito tempo, dominada por uma certa visão muito pedagógica, preocupada em inserir os jovens leitores na Realidade. E, sendo assim, era uma literatura muito orientada para a Vida. O leitor jovem entrava na aventura e ao mesmo tempo era uma forma de conhecer a realidade e afeiçoar os seus comportamentos ao mundo. Mas, uma tradição anterior, que remonta aos irmãos Grimm, lidou com o fantástico e com todo um universo de personagens e situações que pouco tinham a ver com o quotidiano. Nós associamos o Harry Potter à vontade de fazer regressar o fantástico à literatura juvenil.
Este tipo de sucesso pode ter influência na criação de novos leitores?
Decididamente. E não só este, outros, como o "Código Da Viunci". Muitas vezes o tema pode ser discutível, a história ter ficção a mais ou ser considerada ligeira mas, para leitores com poucos hábitos de leitura, é muitas vezes uma porta de acesso à leitura.
in Os Meus Livros
Comentários
Estou a precisar de divulgação...
Beijo