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Génio na arte da falsificação (parte 7)


Apesar de alguns pequenos percalços, o seu negócio ia de vento em popa. A sua colecção privada incluía guaches, desenhos, aguarelas e pequenos óleos falsos de Matisse, Picasso, Braque, Derain, Bonnard, Degas, Vlaminck, Laurencin, Modigliani e Renoir.

Nos anos 50, começou a vender por correio a museus de arte moderna e galerias de todos os Estados Unidos. Muitas vezes retinham as obras durante várias semanas enquanto procuravam aconselhamento de peritos. Mas o resultado era sempre positivo. Em todo esse tempo, só um par de desenhos foi posto em dúvida.

Finalmente, sucedeu o inevitável. Vivia então na Flórida, quando um coleccionador - a quem Hory tinha vendido algumas obras - emprestou os seus desenhos para uma exposição que teve de ser cancelada porque dois deles "não eram originais". Elmyr refugiou-se durante alguns meses no México. Soube depois que o FBI tinha visitado o seu apartamento, perguntando quando voltaria.

Por essa época, o preço das suas obras alcançava cifras astronómicas. As peças já vendidas iam dispersando-se e terminavam muitas vezes em colecções particulares ou museus. No de Detroit encontrou exposto um Modigliani saído da sua mão. Em livros e catálogos apareciam peças suas. Tudo isso começava a deprimi-lo, mais do que a lisonjeá-lo. De regresso aos Estados Unidos, Elmyr continuou com a sua vida de sempre. Deu uma festa em que esteve Marilyn Monroe. "Lá em baixo, diante da minha porta, havia três Rolls Royce." Mas começaram a circular rumores entre os grandes "marchands", que advertiam: "Tenham cuidado com um húngaro simpático de 50 anos, com um munóculo e um Matisse debaixo do braço". Começou então a falsificar litografias, mais fáceis de colocar, e entre elas muitas da série "Tauromaquia", de Picasso.



Alberto de las Fuentes

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