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Génio na arte da falsificação (parte 8)


Depois de uma tentativa de suicidio, em 1959, Elmyr decidiu fugir da América. Nos 13 anos que lá viveu transformou-se no falsificador mais prolífico e mais bem sucedido da História. As suas obras cobriam as paredes de museus e intituições. Tinha viajado tanto e utilizado tantos nomes falsos que ninguém, nem sequer os poucos "marchands" que tinham detectado algumas das falsificações, estavam em condições de imaginar a magnitude do seu trabalho.

Foi então que descobriu Ibiza. Associado a dois jovens manipuladores, Legros e Lessard, o negócio prosperou mais do que nunca. No ano de 1962, enquanto Elmyr assimilava as técnicas a óleos de grandes pintores, os seus sócios vendiam a sua obra em Paris, Nova Iorque, Chicago, Suiça e Sul de França. No ano seguinte foram ao Rio de Janeiro, Buenos Aires, Cidade do Cabo, Joanesburgo e Tóquio.

As façanhas do trio sucediam-se sem descanso. Segundo contava Elmyr, Legros chegou a enviar uma das suas obras a Picasso para que certificasse a sua autenticidade. Este, que não estava totalmente seguro, perguntou: "Quanto é que o "marchand" pagou por ela?". Citaram-lhe uma quantia fabulosa, 100.000 dólares (aproximadamente 78 mil euros), e Picasso disse: "Bem, se pagaram tanto, deve ser autêntico".

Em Tóquio, Legros vendeu ao Museu de Arte Ocidental três peças, sobre as quais o ministro francês da Cultura, André Malraux, foi convidado a dar a sua opinião - comentou que os preços eram muito razoáveis para obras de tal categoria.

O multimilionário Algur Hurtle Meadows, magnata do petróleo e possuidor compulsivo de obras de arte, comprou-lhe em dois anos 15 Duffys, 7 Modiglianis, 5 Vlamincks, 8 Durains, 3 Matisses, 2 Bonards, 1 Chagall, 1 Degas, 1 Laurencin, 1 Gauguin e 1 Picasso. Mas Elmyr apenas recebia umas centenas de dólares por mês, tarde e a más horas. "Tínhamos de o manter pobre", explicaria Lessard mais tarde, "para que seguisse as nossas ordens".


Alberto de las Fuentes in Única

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