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Consolo na Praia, Drummond (por Maitê Proença)- A infância perdida (parte 3)

No último ano, Victor decidiu parar de trabalhar em empresas de vão-de-escada, demasiado preocupadas a olhar para os seus lucros. Ousou sonhar: "Decidi que queria fazer um curso profissional de pintura de automóveis. É a minha grande paixão. E um dia quem sabe, gostava de ter a minha oficina". Agora tenta vencer numa turma do PIEF (Programa Integrado de Educação e Formação), na Trofa.
Apesa de tudo, Victor não se arrepende do seu percurso profissional sinuoso. Até porque o trabalho foi um meio de fugir às más companhias da escola em Ribeirão. "Desisti no 7º ano, quando descobri que só tinha colegas que gostavam da má vida e enveredavam pelas drogas". Qualquer semelhança com os actuais companheiros de curso é pura coincidência. "Até a relação com os monitores é diferente. Aqui não há barreiras entre adultos e estudantes. Vamos todos juntos ao café ou à cantina". Hoje não ganha um salário de 400 euros, mas a bolsa de 75 euros permite-lhe dizer: "Já não sou um peso para a minha mãe".

in Única

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