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A sacerdotisa de Avalon, de Marion Zimmer Bradley

Olá,

mais uma leitura despachada. À semelhança do que aconteceu com a maior parte dos livros desta escritora (à exceção de um - A herdeira), adorei-o. Voltamos às brumas e à história de Eilan, que se mistura com a História do império romano. Eilan seria sacerdotisa, mas os encalços do amor aproximaram-na de Constâncio, por quem se apaixonou à primeira vista. Nas fogueiras de Beltane, toma o lugar de uma amiga e ama este homem. Descoberta a façanha, ela deixa Avalon e parte com ele. Cisrcunstâncias políticas levam a que este se una, pelo casamento, a outra mulher, mas sem nunca a esquecer, nem ao seu filho Constantino. Constantino sucede o pai na escalada pelo poder, mas deixa-a participar ativamente na sua prática política e na educação do seu 1.º filho, Crispo. Unido pelo casamento a Fausta, a última acaba por conseguir que mande matar o seu próprio filho por um crime que este nunca cometeu. Eilan, então Helena, nunca lhe perdoa este ato monstruoso e parte em recuperação da mulher do morto e da sua filha adorada. Velha e cansada, empreende uma última viagem de regresso a Avalon, de onde foi expulsa. No final, falece na entrada do seu destino e não sabemos o destino da sua bisneta.
O livro entrelaça-se de forma magistral com a história cronológica, enriquecendo-a com pormenores e explicações das culturas da época e explica a religião entendida por uma população que se torna, maioritariamente, cristã. Talvez algumas explicações sejam demasiado extensas e supérfluas, mas não tira a magia e a força de mais esta figura feminina, fazendo-nos refletir sobre a posição da mulher antes e agora e nos pormenores que não se transfiguram com o tempo, nem com a religião, seja ela qual for.

A carta de Crispo para a avó:
      "Avia Nobilissima, principiava ele. Tenho grandes e felizes novidades. Vou casar-me com uma rapariga encantadora, filha do magistrado sénio de Tréveris? O seu nome é Helena também! Não achas que é uma feliz coincidência? Chamo-lhe Lena. Comecei a amá-la durante este último inverno, mas não sabia se teríamos permissão para casar. Agora o meu pai deu-me essa permissão, e vamos realizar a nossa festa no próximo mês, antes de eu partir ao encontro da minha legião no Rhenus. Espero que possas estar connosco para a cerimónia, mas se isso não for possível, peço a tua bênção. 
      Que o Deus supremo te conserve de boa saúde, queridíssima Avia. O teu Crispo que te adora."

A minha edição é da Rocco, mas adquiri-o através do OLX, pois já não estão a editá-lo (penso eu). Tem 328 páginas e uma capa lindíssima.


Para próxima leitura, vou ler um livro requisitado na biblioteca local A mulher má, de Marc Pastor. Nunca li nada deste escritor, mas vou na página 19 e já estou conquistada. Depois digo-vos se confirmei as expetativas.

http://www.topseller.pt/livros/a-mulher-ma

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