Olá, mais uma leitura terminada!
Loanda... não conhecia a autora, não vi reviews, nem li sinopses... nada. Em branco. Adivinhava que retratasse a época do esclavagismo. Não me enganei.
Num ambiente tipicamente masculino sobressaem duas mulheres, Maria Ortega e Anna de São Miguel, que mais tarde se tornarão Maria e Anna e Ana Maria.
Vou explicar. A narrativa começa com Maria Ortega, escrava alforriada, degredada. Sedutora, Maria Ortega vale-se do Diabo para se valer melhor e o Diabo convence-a e modera-a num mundo em que a religião censura e pune sem clemência.
Anna de São Miguel, menina mimada, criada pelo pai para ser fidalga. Ousada, atrevida numa sociedade que a remete para um papel muito concreto. Esta narrativa introduz-se como biografia. Ambas narram, até que as suas histórias se confundem e se cruzam pelo amor e pela audácia de saber amar, de saber fazê-lo pelo prazer.
Descobrem-se no mesmo mundo cumprindo a sua missão sem saberem do seu destino. Desafiam regras, mostram força, vivem intensamente... e mais não posso dizer sem ser spoiler.
O que menos gostei foi o facto da autora repetir várias vezes os mesmos acontecimentos e o facto da minha edição ter uma letra minúscula, que me cansava.
"- Dona Anna! Sois mesmo vós, minha Senhora? - O rosto da preta iluminou-se num sorriso de dentes muito brancos. Abriu completamente a porta, franqueando a passagem a Anna e Maria para o átrio, que continuava exatamente como ela o tinha deixado. À medida que ouviam a sua voz, iam aparecendo os seus antigos criados, quase todos os que não a tinham acompanhado para Massangano.
- Mas, o que é isto? Todos vocês aqui continuaram, mesmo sozinhos? E os holandeses não vos incomodaram, nem assaltaram a casa? - Anna estava estupefacta.
- Não Senhora, nós inventamos uma estória, de que nossos amos também eram mafulos, estavam na Holanda, mas que iriam voltar em breve! Deixámos que os outros mafulos entrassem, comessem e bebessem e que dormissem até, com algumas das buxilas mais novas, que são as mais cobiçadas pelo homem branco, seja ele português, espanhol ou holandês. Criaram o hábito de voltar, sempre que queriam, como se isto fosse um bordel, mas mais asseado do que os da Ingombota e dos Coqueiros e com uma despensa cheia de comida e bebida. Claro que tínhamos de ir aprovisionando mas, com os armazéns abandonados e a saque, não era muito difícil arranjar os restos que os mafulos iam deixando. Nós fomos aqui ficando, porque sempre era mais seguro do que embrenharmo-nos pelo sertão, arriscando-nos a ser devorados pelas feras ou novamente capturados como escravos!"
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