Avançar para o conteúdo principal

A conversa co Luís Oliveira (parte 1)


Desde 1998 A Antígona assina como "Editores Refractários". Porquê a introdução deste termo?


A Antígona funcionou desde 1979, data da sua fundação, até 1998, em meu nome pessoal. -tivemos tantos problemas com o fisco e com bibliotecas que já era difícil trabalhar em nome individual. Então fundei a empresa. Refractários porque é uma designação que condiz com o nosso programa. Nós não somos alinhados, nem ligamos muito às leis que regem esta sociedade, apesar disso, não quer dizer que não cumpramos certas regras, como pagar pontualmente aos tradutores, aos autores, às tipografias... temos uma ética e é essa ética que seguimos, mas não ligamos muito às leis que são impostas, criadas pelos senhores do mundo.



"Refractário" tem algumas interpretações curiosas. Por um lado, está ligado à noção de desobediência, por outro, é um elemento que resiste ao fogo.


Exacto. Neste caso, porque nós não nos deixamos devorar pelo fogo. Considerando que a sociedade existente é uma fogueira que está permanentemente a queimar as pessoas nós resistimos a esse fogo, todavia, temos um outro fogo, talvez mais importante, intemporal e resistente, que é o fogo do coração. Estamos sempre do lado das vítimas e não do lado do Poder.



Como é que escolhem os livros que editam?


Muitos deles, eu já os trazia em "armazém", considerando que as nossas cabeças armazenam muita informação. Por exemplo, o de Max Stirner, que saiu o ano passado, foi um livro que eu li aos 26 anos. Depois, trabalharam aqui diversas pessoas, que se interessaram pelo projecto e traduziram ou prefaciaram livros. Há uma preocupação na Antígona que as pessoas que entram aqui, mesmo com uma simples nota de bandana, com uma revisão ou uma tradução tenham alguma coisa a ver a nível afectivo, com o projecto.


in Os Meus Livros, Maio de 2006


Em 2005 esta editora editou alguns títulos como: O Papalagui de Tuiavii de Tiavéa, que nos fala de um chefe de tribo e nos ajuda a redescobrir-mo-nos como humanos; e Os Livros da Minha Vida de Henry Miller, que nos conta a sua paixão pelos livros, pelos títulos e nos remete para mais boas leituras.

Comentários

Anónimo disse…
ola

Mensagens populares deste blogue

Eu Quero Viver - Nina Lugovskaia

Andei a ler este livro, terminei-o há 2 dias e tive uma grande desilusão. Bem, é certo que eu já não tinha gostado de "O Diário de Anne Frank", por isso, também não gostei deste. Passei o livro todo a pensar que a jovem era normalíssima apesar de viver no regime de Estaline. As preocupações eram as mesmas de qualquer jovem com a idade dela, aliás até a achei um pouco acriançada dadas as circunstâncias e os seus 18 anos de idade. Enfim, um fiasco! Não consigo gostar mesmo, porque fico sempre à espera de detalhes e pensamentos que eu acharia próprios da época e do contexto e acabo por achar que as jovens sofreram um bocado sim, mas isso não as fez diferentes da grande maioria dos jovens de hoje com a mesma idade, inclusivê esta abusa do egocentrismo e preocupação estética de uma forma quase doentia. Gostaria de ter mais para dizer, mas de facto, o livro não me despertou grande atenção. Na minha opinião: não comprem!

O tamanho

Sempre fui baixinha, o que se nota mais porque os meus namorados sempre foram altos e pelo meu tremendo complexo de inferioridade. lol O certo é que os outros acabam por achar graça e serve muitas vezes para brincadeira. As pessoas não sabem, mas também não dá jeito nenhum, especialmente porque muitas vezes não consigo ver o que me querem mostrar... a não ser que me dêm colinho! lol O que acaba por não ser uma má opção... no entanto, não há que enganar, tenho 1,60 m bem concentradinhos, cheios de personalidade... o que também causa o efeito surpresa! E depois tenho sempre a safa: "És grande, mas não és grande coisa!". Por via das dúvidas, a próxima vez que for ver um espectáculo dos meus alunos, acho melhor usar o modelito da imagem... sempre vejo qualquer coisita!

D. Sebastião e o vidente, de Deana Barroqueiro

É um calhamaço!! Conta com 629 páginas, rebuscadas, com um vocabulário erudito, muitas personagens, mas ... fascinante! Este livro, obviamente, relata a história de vida de D. Sebastião com todos os pormenores, desde a mãe que o deixou, à sua deformidade física, ao seu caráter, bravura... Assim, este pequeno rei, em tamanho e em idade, demonstrou a sua infantilidade nos rasgos de bravura. Inocente, sonhava com a guerra, mas soube antever os interesseiros que lhe apareceram pelo caminho. Existe também Miguel, um menino que nasceu no mesmo dia que ele e que o acompanha ao longo da história, mas que acaba por nunca conseguir aproximar-se o suficiente. É ele o vidente do título, mas a sua personagem acaba por não ser muito "útil", uma vez que é incapaz de mudar o rumo dos acontecimentos, limita-se a admirá-lo ao ponto de o acompanhar à morte. Quem não conhece D. Sebastião, o desejado, aquele que desapareceu em Alcácer Quibir e que regressará envolto no nevoeiro. Cá te es...