Avançar para o conteúdo principal

Livros em dia


O espaço é pequeno. Em dias de apresentações de livros, chega a ser difícil circular e as filas para pagar chegam até à entrada. Em dias de bom tempo, improvisa-se uma pequena esplanada e aproveita-se a simpatia do café que fica ao lado para beber qualquer coisa enquanto se aproveita o sol.

Nesses dias, a casa cheia compreende-se. Torres Vedras não fica propriamente no centro das rotas de escritores e de apresentação de novos livros. Lisboa não fica assim tão longe, mas são poucos os torreenses que terão contade ou disponibilidade de fazer a viagem, ao fim da tarde, para ver uma apresentação ou participar numa sessão de autógrafos numa qualquer livraria da capital.

Com esta estratégia, bastou cerca de um ano (a livraria celebra o aniversário em Julho) para conseguir um público regular e fiel, não só para os lançamentos como também, e especialmente, para outras iniciativas culturais organizadas pela livraria, em parceria com as instituições locais, como o Teatro Cine de Torres Vedras, o jornal Frente Oeste, ou a Câmara Municipal de Torres Vedras.

Além de uma dúzia de livros em segunda mão, poderemos encontrar as principais novidades, especialmente na área do romance e do livro juvenil e infantil. Porém, hoje em dia, mesmo a livraria mais pequena consegue ter uma oferta ilimitada, bastando para isso ter um bom serviço de encomendas. Mesmo que leve um ou dois dias a conseguir o livro, esse pode ser um factor decisivo para evitar que os clientes façam a viagem até Lisboa ou Caldas da Rainha que, tendo um pólo universitário, se vê munida de maior oferta literária em comparação com outras regiões do Oeste.

Ao seu serviço de encomendas, e vasto leque de descontos (o nome deriva do facto de todos os dias haver um livro com 10% de desconto), a Livrododia adicionou recentemente uma outra função, indispensável a uma livraria moderna. Através do seu site é agora possível fazer encomendas, sem portes de envio para Portugal Continental.

A vida da livraria não tem sido fácil, hoje em dia poucas são... porém, os sócios não se mostram minimamente arrependidos das apostas e dos investimentos que têm feito. O sucesso da sua agenda cultural, e de grande parte das suas iniciativas, dá-lhes motivação para continuar. Questionados sobre o assunto, realçam as enchentes que tiveram aquando do lançamento do último "Harry Potter", feito simultaneamente na livraria e num bar da cidade, à meia-noite em ponto.

As fotografias das janelas que polvilham as janelas da livraria parecem um indicador da sua vocação, ser maior do que o próprio espaço que ocupa, ser uma livraria que tem por sede uma cidade inteira, uma janela aberta para a cultura em Torres Vedras e em toda a zona Oeste.




in Os Meus Livros

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Uma verdade simples, de Jodi Picoult

Leitura agradável, mas não brilhante. É um livro que se lê facilmente, apesar de não me ter cativado no início. Para ser sincera só a mais de meio consegui nutrir algum interesse pela história. Até lá, achei o livro banal, expectável e cinematográfico. Considero que não é um livro mau, apenas não é a minha onda.  Então, relata a história de uma rapariga amish, que é acusada de matar o seu próprio filho à nascença e da sua advogada cosmopolita e mal resolvida amorosamente. A advogada não acredita na sua inocência, mas resolve ajudá-la a pedido de Leda, sua tia. Depois disso surgem as peripécias. A advogada acaba por acreditar na sua inocência quando ela se considera culpada, entretanto reapaixona-se pelo psicólogo que defende a acusada, que por sua vez era um namorado antigo. A acusada revela, aos poucos, a verdadeira história da noite da morte e enfrenta a dificuldade entre escolher o pai do filho, pertencente ao mundo normal e a sua vida simples de amish. O que lhe aconteceu? É c

Se isto é um Homem, Primo Levi

Já andava na minha prateleira há algum tempo, mas eu não me decidia. O tema agradava-me, mas tinha medo de me dececionar. Temia que fosse demasiado filosófico... Comecei e já não parei. Não é uma leitura simples, mas também não é um quebra-cabeças.  Primo Levi, judeu italiano, apanhado pela máquina nazi, foi capturado em Auschwitz. Este o nome que ninguém deveria esquecer, para que nunca nos esqueçamos que o ser humano consegue ser animalesco pela sobrevivência e pelo poder da crueldade. Convenhamos que, ninguém, com um mínimo de valores, conseguirá tratar desta forma outro ser humano diariamente, durante anos. Primo Levi, que viria a falecer em consequência de uma queda na escada do prédio onde vivia, sobreviveu ao campo de concentração. Sobreviveu porque no meio do azar, teve sorte. Sorte por ter apanhado escarlatina e não ter sido encaminhado para a caminhada da morte , sorte por ter conhecimentos de química e ter conseguido manter-se quente no laboratório para onde foi destinado

D. Sebastião e o vidente, de Deana Barroqueiro

É um calhamaço!! Conta com 629 páginas, rebuscadas, com um vocabulário erudito, muitas personagens, mas ... fascinante! Este livro, obviamente, relata a história de vida de D. Sebastião com todos os pormenores, desde a mãe que o deixou, à sua deformidade física, ao seu caráter, bravura... Assim, este pequeno rei, em tamanho e em idade, demonstrou a sua infantilidade nos rasgos de bravura. Inocente, sonhava com a guerra, mas soube antever os interesseiros que lhe apareceram pelo caminho. Existe também Miguel, um menino que nasceu no mesmo dia que ele e que o acompanha ao longo da história, mas que acaba por nunca conseguir aproximar-se o suficiente. É ele o vidente do título, mas a sua personagem acaba por não ser muito "útil", uma vez que é incapaz de mudar o rumo dos acontecimentos, limita-se a admirá-lo ao ponto de o acompanhar à morte. Quem não conhece D. Sebastião, o desejado, aquele que desapareceu em Alcácer Quibir e que regressará envolto no nevoeiro. Cá te es