
Nasci à beira rio.
Tenho saudades dos tempos gostosos em que a liberdade da província nos deixava traulitar nas ínsuas das margens do Tejo. Tenho saudades do sabor que deixava na boca as corridas infatigáveis sem medo da perda e quando tudo parecia novo.
Arrancaram-me ao Tejo, mais tarde voltei, não sabia da saudade, mas sabia o que me sabia bem. Fugi dos obstáculos das gentes que não compreendem a riqueza maior do cheiro de casa. Não volto. Mas é o Tejo que recordo com saudade de acolher a riqueza das asas compridas de uma vida pela frente. É com o Tejo que me recordo feliz, com as pontes velhinhas que entro no ninho e sinto a recordação doce dos tempos de meninice, dos abraços velhinhos dos meus avós ternos de filiação. É lá que me sinto de regresso, que me reconheço por reconhecer o espaço, a cor, as medidas do meu jardim à beira do Tejo.
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