
Os rostos cansados retratam bem "Velho" de Mafalda Veiga. Essa solidão intensa que sentem quando não há mais caminho por percorrer, quando não há mais objectivos a atingir, os "desnecessários" que lutaram anos a fio por "um banco no jardim".
Sempre que oiço essa música emociono-me... recordo o meu avô e o seu olhar de quem já só espera amor e compreensão. Era o elo mais forte da minha correia familiar, foi precisamente o primeiro que perdi. Ausente de dor, não teve tempo de se despedir! Amado avô que morreste sem ouvir a expressão do meu amor por ti. Para mim nunca foste desnecessário, eras a minha base firme, o meu porto de amor infinito, eras o grande homem da minha vida que percorreu comigo a vida de mãos dadas, que me defendeu até ao último suspiro. Lembro o teu banco de jardim, com o cigarro paciente de quem me espera para sorrir, lembro do teu olhar que jamais será substituído, mas acima de tudo o teu amor, o teu orgulho, a tua firmeza no que amavas. Eras um velho, mas eras o "meu velho", aquele com quem brinquei, chorei, zanguei e... amei muito. Contiunuo a amar-te, não perco o hábito de falar contigo em horas de aflição e de te honrar quando me "porto bem". Fazes-me falta e não consigo preencher o teu vazio. Às vezes fico aflita e revoltada com tudo o que a vida me vai tirando aos bocadinhos, mas por ti serei feliz e capaz de conquistar, por ti nunca terei embaraço em dizer quem sou, porque eu sou um bocadinho de ti.
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Eu sinto o mesmo mas é com a minha avó...