
"Com o Pereira desempregado e sem saber outra coisa senão alquimia de panelas, o Senhor Ventura deitou contas à vida. Os tempos iam ruins, era preciso não deixar morrer à fome o companheiro, estalara a guerra na Mongólia Exterior, o peito já lhe pedia outro ar que não fosse o de Pequim... Portanto...
Ora, precisamente, a Ford vendera duzentos camiões ao governo chinês, com a condição de a casa oa entrgar na frente de batalha, e montar postos de abastecimento no deserto de Gabi. Logo..."
in O Senhor Ventura de Miguel Torga
Um excerto de um livro que acabei de ler, com muito gosto! Gostei mais da Criação do Mundo, mas não deixa de ser o Torga que me transporta para os dizeres do meu avô e me faz sentir saudades de realidades que não vivi. Pinta, vive, insere-nos no meio do que apenas julgamos ver de fora. O seu vocabulário muito típico faz-me sorrir, a fidelidade com que reproduz realidades banais faz-me olhar mais atentamente... sem dúvida um grande contador de histórias que continua a encantar...
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