
Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1894 e morreu a 8 de Dezembro de 1930. Apesar de ser conhecida como poetisa, não escreveu só poesia. Durante a sua vida tentou várias vezes o conto como forma de expressão escrita, em experiências mais ou menos acidentais. Os contos que aqui se publicam foram escritos entre 1907 e 1930, publicando-se adicionalmente o Diário que Florbela escreveu no último ano de vida.
"Que mulher era então ela? Que mulher era aquela mulher? Que mulher era a sua mulher? Quantas mulheres tinha ele?... E então, quando a possuía, via a outra, a de alma branca, estender as mãozitas trementes para o afastar, com um olhar de pavor; quando lhe dava um beijo de ternura, um doce beijo de amigo, via-lhe na boca o sorriso da "Flor de Luxo", via-lhe os lábios pintados entreabirem-se, rubros, no seu sorriso de cortesã; quando a ouvia discutir uma obra de arte, uma bela acção, um rasgo sublime de generosidade, no calor de qualquer emoção espiritual, logo pensava: "Mas se ela não crê em nada?!" E assim via-a mentir a todas as horas, toda ela era uma mentira viva; a sua carne feita de outras carnes, a sua alma onde se debatiam mil almas, aparecia-lhe simbolizada numa hidra de mil cabeças, de mil corpos, de mil almas!"
in Florbela Espanca - Contos e Diário, Publicações Dom Quixote
Não conhecia além da poesia qualquer obra da escritora, minto, conhecia "O Aviador", um conto, dos muitos que ela dedicou ao irmão. Gostei, apesar de achar que a sua poesia é mais intensa, o único senão é a escolha quase empre dos mesmos temas. Recomenda-se, quanto mais não seja para conhecer um pouco mais sobre a autora.
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