
Não será coincidência que "As Ruínas Circulares" comece com uma citação de "Alice do Outro Lado do Espelho", de Charles Lutwidge Dodson, (conhecido pelo pseudónimo Lewis Carroll), obra que se seguiu a "Alice no País das Maravilhas" (ambos publicados na Relógio d´Água). Os dois livros têm uma relação forte com o sonho: o absurdo que apenas nessa condição parece versímil. Igualmente interessante para os seguidores das teorias de Freud, é o facto de Carroll transportar para as suas obras diversos elementos da sua vida privada, nomeadamente, daquilo que muitos consideram os seus desvios sexuais. A relação platónica que mantinha com Alice Liddell, filha do deão da Christ Church, onde Carroll leccionava, apontam nesse sentido, tal como as numerosas fotografias de crianças nuas que o autor coleccionava. Matéria-prima para uma análise freudiana que defende, em traços gerais, que o subconsciente manifesta, involuntariamente, os desejos recalcados, sobretudo os de antureza sexual.
in Os Meus Livros
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