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Azeitoneiras

Da bruma, na manhã fria,

Da manhã sem alegria,

Só a oliveira nasceu,

Como rompendo da espuma

Da bruma, no mar do céu.



E, da copa, lhe nasciam

Frutos vivos que lançavam,

Na bruma da manhã fria,

Perfumes do que cantavam

Vozes que, leves, partiam.



Frutos vivos: - Mãos de gente,

Cabeças de raparigas.

Perfumes... só pra quem sente

O perfume das cantigas.



"Oliveira do pé de oiro

"Que tens raminhos de prata..."

- Canta a voz, quente tesoiro,

A quem o frio não mata.



Contas negras vão tombando

Sem conto, de dedos ágeis,

-Sabe Deus lá até quando!...

Ao som de vozes, cantando

Cantigas breves e frágeis.




Francisco Bugalho, "Poesia"
Sim, pai já sei que a árvore que dá azeitonas é a Oliveira, podes parar de contar essa a todos.

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