
Era uma vez um diamante na moela de uma galinha de plumagem miserável. Cumpria a sua missão de roda de moínho com resignada humildade. Tinha por companheiras pedras de terreiros e duas ou três contas de vidro.
Por causa de sua dureza, ganhou logo má reputação: a pedra e o vidro esquivavam-se cuidadosamente do seu contacto. A galinha desfrutava de admiráveis digestões, porque as facetas do diamante moíam à perfeição os seus alimentos. Cada vez mais limpo e polído, o solitário girava dentro daquela cápsua espasmódica.
Um dia torceram o pescoço da galinha de mísera plumagem. Cheio de esperança, o diamante saiu para a luz e pôs-se a brilhar com todo o fogo das suas entranhas. Mas a empregada que abria a galinha, deixou-o correr com todos os seus reflexos para a água do esgoto, envolto em frágeis imundícies.
Do Confabulário, do escritor mexicano Juan José Arreola
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