
As linhas com que me coso são finas, fáceis de partir, quase imperceptíveis. É por isso que coloco botões grandes, daqueles que ninguém percebe qual a linha que os coseu. Os meus botões são a fotografia que quero dar, a parte sólida de mim. Por baixo fica o que me pode enfraquecer e quebrar, as minhas linhas que dão voltas e pontos (nunca finais), que formam nós que passam entre o tecido e pelos buracos dos botões. Não quero os nós, não quero as linhas, mas quero os botões. Não são uns botões quaisquer, são os MEUS botões. Aqueles que te dou para que não vejas nem as linhas, nem os nós. Por isso, os meus botões passam a ser os teus botões, e com eles levas os nós e as linhas, mas não te preocupes, só vais dar por eles daqui a muito tempo, e nessa altura pode ser que já tenhas dado os meus botões e assim, esses botões continuam a ser meus e não teus. Mais gastos, sem cor, desbotados, mas botões grandes e sólidos.
Comentários