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Eu

Às vezes é muito difícil largar o passado, reencontrar-me, pertencer lá e cá e a todos os sítios. Às vezes é difícil carregar a saudade e saber quem sou, como sou, o que quero. Às vezes é difícil decidir, caminhar, cantar baixinho a solidão tão acompanhada que me atormenta. Não gosto de mudanças e passo a vida a mudar, a tentar ser dona do que sinto, pertencer com a identidade de quem se encontra. Às vezes é difícil ser normal e preencher vazios de pessoas que não existem. Às vezes é tão difícil perceber que sou feliz, que sou rica em tanta coisa, porque os meus sós são tremendos e tão cheios de coisa nenhuma. A que me agarro? Por que não me decido? Às vezes é difícil ser eu com os outros e ser do mundo!



Decidi escrever linhas de entrelinhas de destino, decidi preencher o fado de alma atormentada com questões de amanhã. Decidi...ser.

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