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Arquipélago, de Joel Neto



Não sendo açoriana, moro nos Açores há alguns anos e foi com interesse que adquiri este livro. 
Inicialmente adorei-o, a história de José Artur como professor frustrado, cheio de ambivalências e vida pessoal conseguiu convencer-me que devia ler as 455 páginas que se apresentavam pela frente. O pitoresco da linguagem e a caracterização de personagens tão fiel a tudo o que vejo diariamente incentivavam o meu instinto literário, num livro que adquire um tom próprio e com poucos erros (detetei apenas 1) prossegui sem arrependimentos pela aquisição de 20 euros. No final, apaixonei-me pelo José Artur e pelo seu filho André e desfrutei do avô José Guilherme como se fosse meu.
De negativo, aponto talvez o bruxo, personagem que aparece no final e que me parece demasiado fantasiosa, mas penso que é apenas um apontamento pessoal. Sem dúvida que vale a pena ler e que o seu autor deve prosseguir na reflexão desta identidade.

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