Olá,
por falar em prémio Nobel da Literatura, concluí ontem o título Pantaleão e as Visitadoras, de Mario Varghas Llosa, Nobel da Literatura em 2010. Já o tenho há algum tempo, mas confesso que a capa (como a que vêem) pouco apelativa, da editora D. Quixote, não contribuiu para que me apressasse a lê-lo. Nunca tinha lido nada deste autor e confesso que esperava uma leitura tão enfadonha como a capa. Fui surpreendida!
O livro, apesar de não ter uma leitura muito fácil, é extremamente irónico e humorístico, além de ser... atual. Narra a história de um exército, que à força de violações "consegue" que o Exército permita um serviço de favores sexuais, dirigido pelo capitão Pantoja, exímio em qualquer das suas missões, que o leva a sério e trata este "departamento do Exército" com extrema disciplina e diligência. Custa-lhe um casamento que a obrigação recupera e, por pouco, a despromoção pela ordem cumprida ao limite. Escusado será dizer que entre as mais curiosas descrições se encontram inúmeros relatórios muito curiosos e cuidadosos.
Pantoja ou Pantita para as suas visitadoras, como chama às suas prostitutas, que trata como soldados, racionalizando a sua função e os serviços prestados à nação, é um funcionário irrepreensível, como nos vamos apercebendo ao longo da narrativa e objetivamente consegue que o seu serviço tenha um grande sucesso e eficácia quer para soldados, que para visitadoras. No entanto, desagrada a D. Leonor, sua mãe, que a custo do seu materno amor, se mantém a seu lado até contra à sua nora, que descobrindo a missão secreta do seu cônjuge, se envergonha e o abandona com a sua "filhinha".
No fim, tudo acaba quase como começou, tudo porque a consciência deste capitão, o levou a honrar uma visitadora "morta em combate", envergando a farda do Exército no seu funeral.
Não leria novamente este livro, mas não direi que desgostei e reconheço-lhe inovação e novidade ao nível da escrita e estilo. Talvez tente outro título do autor.
"- Dez soles à Sandra, pelo mesmo motivo que as outras - ergue o indicador, escreve Pantaleão Pantoja. - Leva o teu comboio para o embarcadouro, Chupito. Boa viagem, e vamos lá ver se trabalham com alma e convicção, meninas.
- Comboio para Puerto America, a caminho - ordena Chupito.
- Agarrem nas vossas malas. E, agora, vamos para o Dalila, a correr e a saltar Chuchupinhas."
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